Conselhos de escritores veteranos para futuros escritores

Sempre que conto para alguém sobre o tempo de produção do meu livro, digo que ele começou a nascer há nove anos, mas só consegui ajeitar as ideias no ano passado, após ler Sobre a Escrita, de Stephen King. Todo esse tempo eu andei em círculos, procurando mentoria onde não havia ou dependendo da boa vontade de pessoas que já trabalhavam com isso para me dar um sinal, um conselho ou, simplesmente, um tapinha no ombro.

De 2018 pra cá, isso mudou. Comecei a parar de correr atrás de palavras que não estão prontas para mim e foquei em ouvir quem já diz, de bom grado, como é que se escreve – principalmente ficção. Stephen King abriu uma porteira que, agora, é difícil de fechar.

A cada vez que leio um livro, um post ou uma entrevista de autores e escritores mundo afora, tenho emoções diferentes. Me sinto feliz quando encontro alguma semelhança entre meu modo de trabalhar e o de um grande nome, fico curiosa com possíveis resultados quando encaro uma dica e esperançosa se sinto o amor à arte. Quando consegui tirar o melhor proveito possível das palavras de um superstar que eu nunca vi na vida, percebi que posso aprender muito mais se estiver atenta.

E, se eu posso, você também pode.

Selecionei para esse post (que escrevo originalmente em 25 de julho, dia nacional do escritor) as frases que mais mexeram comigo durante meus estudos de escrita criativa e escrita de ficção. Se alguma delas puder te tirar de um bloqueio criativo, já terei feito minha parte.

E, se você tiver um ensinamento que eu ainda não possuo, deixe nos comentários! Vamos aumentar essa lista! #timeLiterama

Conselhos de Austin Kleon

Autor do best-seller “Roube Como um Artista

“É como o escritor francês André Gide assinalou: ‘Tudo o que precisa ser dito já foi dito. Mas, já que ninguém estava ouvindo, é preciso dizer outra vez’”.

“A melhor coisa a respeito de mestres mortos ou distantes é que eles não podem recusá-lo como aprendiz. Você pode aprender o que quiser com eles. Eles deixaram seus planos de aula em suas obras”.

“Pergunte a qualquer um que está fazendo um trabalho realmente criativo, e ele dirá a você a verdade: não sabe de onde as coisas interessantes vem. Ele apenas está lá fazendo o trabalho dele. Todo dia”.

“O melhor conselho que tenho a dar não é que você escreva sobre o que conhece, é que escreva o que gosta. Escreva o tipo de história de que você mais gosta – escreva a história que você quer ler. O mesmo princípio se aplica à sua vida e carreira: sempre que estiver perdido sobre o que fazer em seguida, pergunte-se: ‘o que faria disso uma história melhor?’”

“Você será tão bom quanto as pessoas das quais você se cerca. No espaço digital isso significa seguir as melhores pessoas online – as pessoas que são muito mais espertas e melhores que você, as pessoas que estão fazendo trabalhos realmente interessantes. Preste atenção nos assuntos sobre os quais elas falam, o que estão fazendo, o que estão compartilhando”.

“Fazemos arte porque gostamos de arte. Somos atraídos por certos tipos de trabalho porque as pessoas que fazem esses trabalhos nos inspiram. Toda ficção é, na verdade, fan fiction”.

Conselhos de Beverly Cleary

Centenária escritora de livros infantojuvenis

“Minha lista de livros preferidos está sempre mudando, mas um favorito permanece constante: o dicionário. Como se escreve a palavra que quero usar? O dicionário sabe. Ele desacelera minha escrita porque acho tão interessante lê-lo que fico distraída”.

“Eu não necessariamente começo o livro do começo. Eu começo com a parte da história que está mais vívida na minha imaginação e trabalho para frente e para trás a partir daí”.

Conselho de Bukowski

Poeta

“Eu tenho duas opções: ou ficar nos Correios e enlouquecer, ou dar uma de escritor e morrer de fome. Escolhi morrer de fome”.

Conselhos de Cassandra Clare

Escritora da série “Os Instrumentos Mortais”

“Leia tudo, e não apenas as coisas que estão na sua zona de conforto ou que você acha que vai gostar. Experimente. Tente coisas e gêneros novos. Se você lê muito romance, comece a ler mistério. Se ler muito mistério, vá para a ficção fantástica”.

“O principal a se lembrar quando estiver escrevendo um livro é permanecer fiel aos personagens”.

Conselhos de Douglas Adams

Escritor da série “O Guia do Mochileiro das Galáxias”

“Eu costumava passar um tempão diante da máquina de escrever, rasgando papel em pedacinhos e nunca realmente escrevendo nada. Não sei quando comecei a pensar em escrever, mas, de fato, foi bem cedo. Eram pensamentos um tanto bobos, na verdade, já que não havia nada que sugerisse que eu podia mesmo escrever. A vida toda eu fui seduzido pela ideia de ser escritor, mas, assim como todos os escritores, eu não gosto tanto de escrever quanto de ter escrito”.

esc“Talvez um dia eu simplesmente surpreenda o mundo. Ou encolha e desapareça por completo – realmente não me importo, tanto faz de um jeito ou de outro, contanto que seja divertido”.

“Eu só queria fazer coisas que eu achava engraçadas. Mas, por outro lado, o que quer que eu ache engraçado está condicionado pelo que eu penso, pelos meus interesses ou preocupações. Você pode não ter a intenção de demonstrar seu ponto de vista, mas seus pontos de vista provavelmente interferirão, porque eles tendem a ser questões que preocupam você e encontram, portanto, uma maneira de se intrometer na sua escrita”.

“Qualquer escritor lhe dirá que, depois de um tempo, se um personagem está funcionando, ele vai começar a lhe dizer o que ele quer fazer, e não vice-versa. E, toda vez que você fica lá sentado tentando colocar palavras na boca de um personagem, é porque o personagem não está funcionando”.

“Ninguém poderia dizer nada ruim sobre os meus textos que eu já não tivesse pensado dez vezes pior. Eu sou profissional nesse trabalho e não quero que massageiem meu ego”.

“Doença do escritor: cerca de 99% é desperdiçado em atividades totalmente sem sentido e distrativas, e somente cerca de 10% é realmente passado imaginando, compondo, moldando e aprimorando todas aquelas maravilhosas, empolgantes e comoventes desculpas por não ter escrito nada ainda”.

“A razão pela qual você se torna bom em alguma coisa é que você dá muito, muito duro para fazê-la direito”.

“O problema de escrever não-ficção é que, a menos que você sinta uma paixão insaciável pelo seu tema, você está propenso ou a escrever um livro medíocre ou a ter um ataque de nervos”.

“Escrever não é tão ruim quando você supera a preocupação. Esqueça a preocupação, apenas siga em frente. Não fique com vergonha das partes ruins. Não se estresse com elas. Dê tempo a si mesmo, você pode voltar e reescrevê-las à luz do que você descobrir sobre a história mais tarde. É melhor ter páginas e páginas de texto para trabalhar e peneirar e talvez encontrar uma forma inesperada que você pode então apurar e utilizar de uma boa maneira, do que ter um único parágrafo ou frase retrabalhado maniacamente… Mas escrever pode ser bom. É você que ataca a escrita, não a deixe atacá-lo. Você pode ter prazer com essa atividade. E pode certamente se tornar muito bem sucedido com ela…!”

Conselhos de Leonard Mlodnow

Autor de “O Andar do Bêbado

“Nos anos 1960, um certo livro foi rejeitado por vários editores, que responderam com comentários do tipo ‘muito maçante’, ‘um registro enfadonho de querelas familiares típicas, aborrecimentos insignificantes e emoções adolescentes’ e ‘mesmo que houvesse surgido cinco anos atrás, quando o tema [a Segunda Guerra Mundial] ainda era oportuno, não me parece que teria qualquer chance’. O livro, O diário de Anne Frank, vendeu 30 milhões de cópias, tornando-se uma das obras mais vendidas da história”.

“Há um amplo fosso de aleatoriedade e incerteza entre a criação de um grande romance e a presença de grandes pilhas desse romance nas vitrines de milhares de lojas. É por isso que as pessoas bem-sucedidas em todas as áreas quase sempre fazem parte de um certo conjunto – o conjunto das pessoas que não desistem”.

“O que aprendi, acima de tudo, é a seguir em frente, pois a grande ideia é a de que, como o acaso efetivamente participa de nosso destino, um dos importantes fatores que levem ao sucesso está sob o nosso controle: o número de vezes que tentamos rebater a bola, o número de vezes que nos arriscamos, o número de oportunidades que aproveitamos. Pois até mesmo uma moeda viciada que tenta ao fracasso às vezes cairá do lado do sucesso. Nas palavras de Thomas Watson, o pioneiro da IBM: ‘se você quiser ser bem-sucedido, duplique sua taxa de fracassos’”.

Conselhos de Mark Manson

Autor do best-seller “A Sutil Arte de Ligar o Foda-se

“Não tem como ser importante e transformador para algumas pessoas sem ser uma piada e um constrangimento para outras”.

“As poucas pessoas que se tornam verdadeiramente excepcionais em algo não alcançaram isso porque se consideram excepcionais. Pelo contrário: elas são incríveis porque são obcecadas em se aperfeiçoar. Essa fixação é derivada de um crença imperturbável de que, na verdade, não são lá grande coisa. É o inverso da arrogância. Quem se torna excelente em alguma coisa consegue isso por entender que não nasceu excelente – é medíocre, comum –, mas que pode se tornar muito melhor”.

“Se todos os projetos que eu começasse dessem errado, se nenhum texto meu fosse lido, eu voltaria ao ponto de partida. Então, por que não tentar?”

“Só podemos atingir a excelência em algo se estivermos dispostos a falhar. Se você se recusa a correr o risco, não está disposto a ser bem-sucedido”.

“Alguém perguntou ao sujeito como ele conseguia se manter inspirado e motivado para escrever tanto. Ele respondeu: ‘Duzentas palavras ruins por dia, só isso’. A ideia era que, ao se forçar a escrever duzentas palavras do jeito que fosse, certamente o puro ato de escrever o inspiraria, e, quando via, ele tinha milhares de palavras”.

Conselhos de Stephen King

Escritor de best-sellers como “O Iluminado” e “À espera de um milagre”

“Somos escritores, e nunca perguntamos uns aos outros de onde tiramos nossas ideias; nós sabemos que não sabemos”.

“Vamos deixar uma coisa bem clara agora, pode ser? Não existe um Depósito de Ideias, uma Central de Histórias nem uma Ilha de Best-Seller Enterrados; as ideias para boas histórias parecem vir, quase literalmente, de lugar nenhum, navegando até você direto do vazio do céu: duas ideias que, até então, não tinham qualquer relação, se juntam e viram algo novo sob o sol. Seu trabalho não é encontrar essas ideias, mas reconhecê-las quando aparecem”.

“Muitos anos se passaram – anos demais, eu acho – até que eu perdesse a vergonha do que escrevia. Acho que só depois dos 40 anos me dei conta de que praticamente todos os escritores de ficção e poesia que já publicaram uma linha que seja foram acusados de desperdiçar o talento que Deus lhes deu. Se você escreve (pinta, dança, esculpe ou canta, imagino eu), alguém vai tentar fazer com que você se sinta mal com isso, pode ter certeza”.

“A percepção original do escritor sobre um personagem ou personagens pode ser tão equivocada quanto a do leitor. A segunda lição, quase tão importante quanto a primeira, foi perceber que parar uma história só porque ela é emocional ou criativamente custosa é uma péssima ideia. Às vezes é preciso perseverar, mesmo quando não se tem vontade, e às vezes você está fazendo um bom trabalho mesmo quando parece estar sentado escavando merda”.

“Você pode encarar o ato de escrever com nervosismo, animação, esperança ou até desespero – aquele sentimento de que nunca será possível pôr na página tudo o que está em seu coração e em sua mente. Você pode ficar com os punhos cerrados e os olhos apertados, pronto para quebrar tudo e dar nome aos bois. Pode ser que você queira que uma garota se case com você, ou deseje mudar o mundo. Encare a escrita como quiser, menos levianamente”.

“A boa escrita costuma vir ao deixarmos o medo e a afetação de lado. A própria afetação, que começa com a necessidade de definir certos tipos de escrita como ‘bons’ e outros como ‘ruins’, é um reflexo do medo. A boa escrita também vem de fazer boas escolhas na hora de separar as ferramentas com que você planeja trabalhar”.

“Quanto mais ficção você lê e escreve, mais verá seus parágrafos se formando por conta própria. E é isso que você quer. Ao escrever um texto, é melhor não pensar demais sobre o início e o fim dos parágrafos; o truque é deixar a natureza seguir seu curso. Se depois você não gostar, é só corrigir. É isso que significa reescrever”.

“Se você quer ser escritor, existem duas coisas a fazer, acima de todas as outras: ler muito e escrever muito. Que eu saiba, não há como fugir dessas duas coisas, não há atalho”.

Conselho de Suzanne Collins

Escritora da série best-seller “Jogos Vorazes”

“Os elementos da escrita são sempre os mesmos. Você tem que contar uma boa história, você tem que ter bons personagens. As pessoas acham que que existe uma diferença dramática entre escrever ‘Little Bear’ e ‘Jogos Vorazes’ e, como escritora, para mim, não há”.

Se você tem uma sugestão de conselho inspirador para novos escritores que não está nessa lista, não se esqueça de deixar a sua contribuição nos comentários. 🙂

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