A Estrela mais brilhante do céu é o preferido de Marian Keyes

Meu primeiro contato com o livro de Marian Keyes que hoje resenho se deu em 2011, na livraria de um aeroporto, em Milão. Soa chique, mas eu era uma mochileira com muito pouco dinheiro precisando de um livro para me acompanhar pelo restinho da viagem, já que tinha acabado O Dia do Curinga.

Quem comprou A Estrela mais brilhante do céu, em sua versão em inglês, foi a Paulinha, amiga que viajava comigo. Eu comprei Big Girl, da Danielle Steel, e essa foi a primeira e última vez que li um de seus livros. Sem razão aparente. Eu tinha esse negócio de ler Marian Keyes em ordem e não ia pular etapas para ir para a Estrela mais brilhante, então escolhi outro, bem aleatório.

Anos depois, comprei o livro e, finalmente, em março de 2019, consegui pegá-lo para ler.

Se você está chegando agora por aqui, precisa saber o que todos já sabem: ler Marian, para mim, é um evento. Eu não leio contando com a meta de páginas diárias, uma vez que quero me demorar o máximo possível em cada romance da minha escritora preferida. Então, sim, eu espero o momento certo para abrir um de seus livros e só o tempo dirá quantos dias levarei para largá-lo.

Se você já é habitué do Literama e sabe de cor e salteado tudo isso que falei no parágrafo anterior, eis o momento em que você cai da cadeira, pois essa é a primeira vez na história da minha existência em que eu direi que não fiquei plenamente satisfeita após minha experiência com a irlandesa.

Marian Keyes versão confessional

Na orelha de A Estrela mais brilhante do céu, Marian Keyes diz que esse foi o livro que ela mais gostou de escrever até o momento (o ano de publicação é 2009). Empolguei de cara – e dei com ela na parede. O romance começa meio arrastado, com uma narradora oculta que dá todos os sinais de ser o que a gente está pensando, até que descubramos, por conta própria, que é muito óbvio que seja o que a gente espera, e Marian não trabalha com óbvios.

Se conseguir perceber que os títulos dos capítulos são uma contagem regressiva de dias verá que pensar em quem você estava pensando não faz muito sentido. E, de tanto falar disso, acho que acabei te dando um spoiler.

Levei umas cem, 150 páginas para me sentir, de fato, dentro da narrativa. São muitos os personagens, com suas histórias se cruzando, basicamente, dentro de um prédio em uma rua de Dublin chamada Star Street. Até se lembrar de quem é quem e qual fio condutor diz respeito a cada personagem, você se perde um tiquinho nos acontecimentos.

Já desistiu de comprar? Calma. Aqui é o Literama, o castelo encantado de Marian Keyes. E, é claro, preciso contar sobre o momento em que ela mostra porque é a estrela mais brilhante do meu céu. <3

O livro tem 600 páginas e a mágica começa a acontecer entre a 250 e 350. É mais ou menos que você será laçado/a pela narrativa única, envolvente e alucinantemente rápida de Marian e só conseguirá largar o livro quando ele acabar. É nessa parte da história que você entende porque ela disse que esse foi o livro que mais gostou de escrever e é precisamente nesse pedacinho que você se sente feliz por ter dado uma nova chance a essa mulher maravilhosa.

Se um dia ela me perguntar o que eu achei, direi que talvez ela poderia ter terminado o livro dez páginas antes. Não precisava do epílogo. Mas quem se importa? É Marian, e até o fechamento que não precisaria existir acaba nos ensinando algo novo.

Risos e lágrimas, como sempre

Como em todos os seus livros anteriores – vamos elencar: Melancia, Férias!, Sushi, Casório?!, É agora… ou nunca, Los Angeles, Um best-seller pra chamar de meu, Tem alguém aí? e Cheio de Charme –, o ato de contar histórias é divertido, ainda que traga uma mensagem reflexiva oculta no meio de tantas piadas. Ou seja: você vai rir, mas podem haver lágrimas.

E, como de praxe, você vai sentir saudade dos personagens assim que o livro acabar, olhará para a estante de livros ainda não lidos e se perguntará qual acalentará seu agora solitário coração. Normal.

Para nossa sorte, ela fez outros depois desse.

Em resumo, tenha paciência com as primeiras páginas de A Estrela mais brilhante do céu, pois será recompensada/o por isso. E, sempre que puder, dê uma chance à Marian Keyes. A vida seria incompleta sem a imaginação da irlandesa.

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