Escrever por prazer, não por dinheiro

Por Rafaella Azevedo
escrever por prazer

Começo esse texto contando duas situações recentes que me trouxeram até aqui. Ambas vão fazer sentido no final das contas, prometo! Elas ilustram como escrever por prazer pode nos levar a ganhar dinheiro, mesmo que esse não seja o foco principal.

Durante anos escrevi por não ter ninguém para conversar. Na infância, e parte da adolescência, a timidez se fez presente. Até demais. A escrita tornou-se algo terapêutico, confortante; a única forma, até então, de me expressar.

Assim, começo a parte um.

Comecei a fazer terapia e comentei com a terapeuta que meus textos estavam empoeirando. Meu coração não batia, a vida não tinha cor. Falando dessa forma, parece trágico, uma cena dramática do cinema. Talvez realmente seja.

Durante esse tempo de tratamento, as peças começaram a tomar forma, proporção e foram, pouco a pouco, se ajeitando. Com tudo entrando nos eixos, minha cabeça voltou a melhorar e os picos criativos voltaram. Em alguns dias escrevi dois textos, às vezes três. Em outros, não escrevi nenhum. E tudo bem. Precisei de pausas, reflexões, agitação, tempo para descansar a mente. Mas, pouco tempo depois, lá estava eu, escrevendo.

E, com isso, vem a parte dois dessa história.

Escrever por prazer trouxe uma oportunidade oculta

Nas últimas férias, trabalhei em um festival da faculdade chamado Inverno Cultural. Lá, atuei como monitora na área de Literatura. Mas, no princípio, não era essa a ideia.

Minha inscrição tinha sido feita para o campo de Produção, seguindo o compartimento das decisões racionais do cérebro que dizia para que eu focasse nesse âmbito, já que é o único em que tenho “talentos dominantes”. A zona de conforto continuava ali e, no final das contas, não fui convocada.

Na véspera do festival, recebi um telefonema. Era um convite. Nele, a mulher do outro lado da linha dizia que a coordenadora viu minha inscrição e queria que eu trabalhasse com ela. Mas em outra área: na literatura, a temida Literatura, que sempre acreditei ser a mais difícil de todas.

Não sei se era verdade, ou se os candidatos selecionados não queriam participar, mas isso não é relevante para a história de hoje. Aceitei essa proposta e, em menos de duas horas, lá estava eu, documentação em mãos, para enfrentar o medo.

A oportunidade de trabalhar pela faculdade parecia planejada pelo universo. No primeiro dia, o coordenador perguntou aos presentes sobre sua relação com a escrita. Alguns eram poetas declarados, outros tinham blogs… eu, um pouco sem jeito, respondi que meus textos sempre ficam engavetados, morando em uma pasta do Drive ou em alguns cadernos.

Nem tudo é como a gente quer – e ainda bem

Não recebi nenhuma mensagem de apoio, dizendo para publicá-los ou mostrá-los ao mundo; mas, mesmo que, no fundo, eu esperasse algum incentivo, não o receber foi a melhor resposta que poderia ter.

No último dia de oficina, quando me perguntaram se gostaria de dizer algumas palavras, acabei falando tudo o que se passava na minha cabeça.

Falei sobre como aquela experiência tinha me ajudado a crescer pessoalmente, ainda mais em uma área que sempre pensei que não fosse para mim. Falei como sair da zona de conforto tinha sido importante e como a experiência me ajudou a ter menos medo do desconhecido.

Escrever por prazer e, talvez, por dinheiro

Essa história, que até então tinha duas partes, tem uma parte bônus. Mais uma vez a escrita se fez presente na minha vida – dessa vez, como teste para um estágio. Vou trabalhar com a Laís, idealizadora do Literama, escrevendo para dezenas de clientes e, também, para esse bloguinho aqui.

Mais do que nunca acredito que tudo isso é um incentivo para explorar mais essa área e entender que não preciso permanecer em “crenças limitantes”. O universo, agora, me diz: escreva por prazer. E, talvez, por dinheiro.

Chego à conclusão que escrever por prazer sempre foi uma ferramenta de comunicação para comigo mesma e com o mundo, de forma subjetiva ou objetiva. Independente do motivo, escrever sempre traz prazer. Me mostra tudo o que conquistei e ainda vou conquistar, como se fosse minha forma de retribuir o que o mundo me dá.

Estou nessa área de novo, fora da zona de conforto e sem antolhos. Minha jornada com o mundo das palavras está só no começo. Se, por algum acaso, ela começar a ter algum outro tipo de retorno, como o financeiro, é claro que será bem-vindo.

Mas, até lá, escrever por prazer, e não por dinheiro, ou talvez por dinheiro, é meu mote. E minha saída para continuar entendendo quem sou e para onde quero ir.

2 Comentários
  1. avatar image
    Paulo Sergio Azevedo at 7 de outubro de 2019 Responder

    Escrever com prazer me fez ler com prazer.
    Você escreve suave, grandioso.
    Comparável a um pequeno curso d’água que suavemente segue seu curso graciosamente, cheio de vida e esperançoso de encontrar um horizonte cada vez aproximando do tamanho do seu sonho.

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