Jane Austen e o melhor do romantismo

Jane Austen não foi uma “escritora à frente de seu tempo”, embora seu pensamento não coubesse na mentalidade dos séculos pelos quais viveu. Jane Austen é uma escritora sem tempo. 

Suas críticas e ironias ao papel da mulher na sociedade remontam ao seu cenário, mas continuam atuais. Para o bem e para o mal: tanto precisamos, como mulheres, desamarrar alguns nós, em pleno século XXI, mas nossa força, vitalidade e sagacidade atribuídas por Jane ao feminino continuam por aqui.

Nascida em 1775, viveu até os 41 anos e escreveu seis romances, dois deles publicados após sua morte. Alguns personagens recorrentes em suas obras, como o pároco, ou jovens com muitos irmãos a lidar, são espelho de sua própria experiência, como filha do pároco e sétima nascida de sete irmãos. Apenas Cassandra, sua irmã mais velha, era mulher; todos os outros seis eram homens.

Ainda não me sinto minimamente preparada para falar sobre ela ou sua obra, pois, quando escrevo essa introdução, li apenas dois de seus livros (estou no terceiro) e nenhuma biografia a seu respeito, mas tenho muito interesse em complementar o conteúdo mais pra frente, pois estou apaixonada pela ousadia e bondade dessa mulher Jane Austen.

Jane Austen retrato

Os subtítulos abaixo são dicas de leitura, e não resenhas, propriamente ditas, já que eu tentei ao máximo não falar sobre desfechos ou dar informações que possam estragar a experiência de leitura. Como diz o Sr. Henry Tilney, em A Abadia de Northanger, “nada me dá esse direito”. 

Mansfield Park, por Jane Austen

Publicado em 1894.

Esse foi o primeiro livro de Jane Austen que li. Ele me mostrou, claramente, que a inglesa tinha uma escola de sofrência em pleno século XIX. Mansfield Park conta um pouco da vida da jovem Fanny Price, embora comece um pouco antes de seu nascimento. 

Três irmãs se casam com homens muito diferentes, assumindo, cada uma, um papel social: Sra. Price, mãe de Fanny, escolheu um marido nada abastado; Sra. Norris se casou com um clérigo, enviuvou e se assumiu uma pessoa bem fofoqueira; Sra. Bertram é a que melhor se casou, em termos de posses do marido, mas é a caricatura da rica irrelevância das damas, não tendo voz ativa para quase nada.

Como a Sra. Price se “casou mal”, e com tantos filhos para criar, envia Fanny, então com dez anos, para a casa dos tios ricos. Sra. Norris, a tia, tem um desprezo latente pela criança, e se exime de qualquer responsabilidade acerca dela. Conforme cresce, Fanny se torna dama de companhia da tia Bertram, que tem quatro filhos: Tom, Edmund, Maria e Julia. As primas a ignoram, Tom praticamente ignora a todos e apenas Edmund cria laços de amizade e afeição com Fanny.

Os dois são confidentes e partilham dos mesmos valores morais, o que os aproxima cada vez mais como primos e amigos. Contudo, esse afeto fica ameaçado quando os irmãos Mary e Henry Crawford chegam a Mansfield Park. Henry é um mulherengo com potencial para destruir até mesmo laços familiares, e Mary é uma boa amiga, mas está sempre a postos para proteger o irmão. Ela se apaixona por Edmund, mas não consegue conceber a ideia de que ele vai assumir o papel de clérigo da família.

Dentre as idas e vindas de Mansfield Park, Fanny percebe que não faz parte daquele grupo, embora os chefes da casa a tratem como família. Ela não se permite amar, ser amada ou sequer desejar um futuro casamento, acreditando que precisa ficar ao lado de tia Bertram em pagamento à acolhida que recebeu quando ainda era criança. 

O “problema” é que ela vai ficando cada vez mais bonita, desejável e romântica com o passar do tempo – o que a coloca em uma espiral de angústia, comiseração e culpa sem fim. A pergunta que fica é: até onde a jovem está disposta a abrir mão do amor, e de um potencial bom casamento (para aquela época, é lógico), por uma paixão platônica e a gratidão por uma família?

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Emma

Publicado em 1815.

Emma é uma jovem bonita, rica e inteligente que goza de boa vida, ao lado de seu pai, e não tem nenhum intuito em se casar, nunca. Contudo, talvez exatamente por isso, vive tentando dar uma de cupido para suas amigas mais queridas. 

Após acertar em cheio com a Srta. Taylor, acreditando ter facilitado o casamento desta com o Sr. Weston, Emma tenta repetir a dose para a amiga Harriet, órfã que não conhece as próprias origens e, na Inglaterra do século XIX, está em desvantagem na busca por um bom marido. Mas a ideia de casá-la com o Sr. Elton, uma espécie de pároco da comunidade, sai pela culatra.

Ao seu lado Emma tem George Knightley, irmão de seu cunhado e um de seus amigos íntimos, sempre a julgar as pretensões de Emma em encontrar maridos para todo mundo. Ele é dezesseis anos mais velho que ela e sempre tenta se colocar como a bússola moral da jovem, fazendo-a refletir sobre seus atos e as consequências destes. 

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Emma, claro, nem sempre dá razão à voz do amigo, o que a faz ter experiências incríveis – incluindo alguns erros – por conta própria. Se há uma coisa que não se pode dizer de Jane Austen é que ela não seja feminista, e Emma é prova escrita disso. 

Por falar em Jane, há também a personagem Jane Fairfax, uma espécie de nêmesis de Emma, na qual podemos enxergar bastante a própria autora em seus princípios.

Ainda não assisti ao filme Emma, adaptação do livro, ou às séries que se baseia na obra para o enredo ou algumas personagens. Contudo, fiquei surpresa ao perceber que As Patricinhas de Beverly Hills é uma releitura desse romance de Jane Austen. Depois do choque, percebi que faz todo sentido. 

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A abadia de Northanger

Catherine Morland não é uma mulher de grandes posses, mas tem as melhores intenções – e elas estão conectadas às vontades de viver, na pele, os romances que lê. Quando seus vizinhos abastados a convidam para uma temporada em Bath, ela tem a tão esperada chance.

Nas linhas de A abadia de Northanger, Catherine vê triângulos amorosos, suspense, ganância e conceitos fortes sobre o amor romântico e questões de família, que permeiam o ambiente em Northanger por um bom bocado da leitura.

Essa obra foi publicada pelo irmão da escritora, após a morte de Jane em 1817, aos 41 anos. Esteja a postos para viajar com ela para Bath, pois, ao entrar nas páginas desse romance, você não vai desejar estar em nenhum outro lugar do mundo.

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