Liesel

Depois de ler A Menina que Roubava Livros, em meados de 2010, decidi que, se tivesse uma filha, ela se chamaria Liesel. Pra mim, daquela leitura em diante, Liesel Meminger é o melhor e mais sonoro nome do mundo. Como eu não nasci Meminger, e sim Menini, tinha que dar certo com meu sobrenome também.

Na época eu já estava com o cara que viria a se tornar meu marido. Um dia, eu disse pra ele: se tivermos uma filha, ela se chamará Liesel.

A resposta foi: “jamais, você tá doida?”.

E para todas as outras pessoas que eu contava minha decisão, a reação era sempre a mesma: pouquíssima gente achava que Liesel era um nome que valeria a pena.

Hoje é 24 de dezembro de 2018 e acabo de descobrir que perdi minha primeira gestação.

Comecei a sangrar no dia 22. No dia 23, pela manhã, tive uma intensa crise de choro. Não consegui dormir direito à noite, estava enjoada de manhã. Acho que tinha começado a cair a ficha: aquele sangramento não era normal.

Fiquei consternada por muitos motivos, incluindo o dilema do que fazer se realmente tivesse perdido. Como contaria para as pessoas? Eu, que não sei guardar a língua dentro da boca, dei a novidade para muita gente na semana em que fiz o xixi no palito. Agora, deveria – deveria? – aprender a lidar com todos os lutos que estaria causando.

Essa preocupação não era nova. Antes dos sangramentos, tive uma crise de choro pensando em como eu diria às pessoas as más novas, caso a gestação não desse certo. Tentei ser racional desde o início e, inclusive, sugeri que as pessoas ao meu redor também fossem racionais. A ironia é que nunca tinha pensado no que EU ia sentir se perdesse a gestação. A frustração pelo que todos os outros sentiriam, estranhamente, me era mais importante do que a minha própria.

Durante a crise de choro com o marido, descobri a razão: na minha cabeça, se eu perdesse o neném, a culpa era minha. Eu seria culpada e falha. A exata palavra que disse para o Danilo foi: indigna.

Se aquele sangramento indicasse a perda de um neném, eu me consideraria, automaticamente, indigna de gestar uma criança.

O primeiro exame de toque, no dia 23 de dezembro, mostrou que eu não tinha abortado. Aquilo me deu esperanças. Comecei a falar com minha barriga, em silêncio. Disse ao neném que, se ele não quisesse ficar, eu iria entender, mas que, se ficasse, a gente ia se divertir bastante.

Ainda em silêncio, comecei a contar tudo para a barriga. Os sangramentos foram diminuindo gradativamente. Me tranquilizei. Dormi bem. Acordei menstruada. Minha cidade natal me pareceu estranha quando resolvi ir ao médico, já encarando a realidade inevitável.

Fui ao hospital em que nasci, onde o médico que me trouxe à luz estava de plantão, me examinou e deu o diagnóstico: o útero estava dilatado, expulsando qualquer coisa que ali estivesse. Rápido, rasteiro e sem sentimentalismo. Com pressa. Ele tinha uma grávida de cesárea esperando, na maca, para trazer seu bebê à vida.

O meu não existia mais.

Indigna.

Em minha defesa, fui cética desde o início.

Nunca acreditei que seria realmente capaz, e não fui.

No momento em que soube, não me ocorreu chorar. Ainda conversei com uma médica por telefone, com uma enfermeira que estava na sala de consultas, tentando ver o que poderia ser feito para que o útero estivesse a salvo. As primeiras lágrimas só vieram quando fui dar a notícia ao Danilo, por telefone, e me segurei minutos depois, quando um amigo me ligou – ele, sim, chorando – para dizer que sentia muito.

No mesmo dia, li uma matéria falando sobre as famosas que sofreram abortos espontâneos. Me deu certo alívio ver que sou fã de muitas delas: Pink, Lily Allen, Beyoncé, Nicole Kidman.

Isso foi o suficiente para que a declaração a alguns amigos próximos começasse assim: “acabo de entrar para a lista de celebridades que perderam a primeira gravidez”. Afinal, era véspera de Natal e, por mais que a data não signifique nada para mim, respeito que signifique para os outros e não quis matar a alegria natalina de ninguém.

Recebi inúmeras mensagens de apoio irrestrito, de pessoas consternadas pelo ocorrido. Nenhuma delas  estava me culpando, o que me fez pensar que os medos que eu tinha sobre ser a causadora do luto alheio vinham de uma longa vida sendo mulher e sabendo que as mulheres são, naturalmente, mais cobradas que os homens.

Tanto que a primeira pergunta que fiz à médica foi a que me pareceu a mais lógica: foi alguma coisa que eu fiz? Que eu comi?

Não, não foi algo que fiz, que comi.

Foi a natureza estabelecendo alguns limites.

Antes de o ano virar, precisei aprender a tirar o sonho da mesa e me sentar pra conversar com a realidade. Abraçar a dor e perguntar se ela tinha algum bom conselho a me dar.

E, se você quer mesmo saber, ela tinha.

Hoje é primeiro de março de 2018, início do mês em que celebramos – celebramos? – o Dia Internacional da Mulher. Ainda temos muitas coisas a reivindicar. Minha experiência me pede para adicionar mais um item à lista: o direito de abortar. Espontânea ou propositalmente. O direito de saber que ambas as possibilidades são corriqueiras e que cabe à natureza, e não à sociedade, julgar (a outras ou a nós mesmas) os eventos do sistema reprodutor.

Venho reivindicar o direito de que a primeira palavra que ocorra à gestante que perde ou interrompe sua gestação não seja indigna.

Essa palavra pesa e destrói.

Tenho sorte em vir de uma família maravilhosa, ter um parceiro espetacular e uma rede de apoio com amizades que me fizeram enxergar que a melhor saída, para mim, era me colocar de pé e aceitar as surpresas da vida. Estou à disposição para fazer parte da rede de apoio de quem não conta com a mesma galera do bem.

Se você acabou de passar por isso, deixa eu te contar como está sendo pra mim: até hoje, de vez em quando, a frustração bate. A racionalidade fala que isso é normal: infelizmente, uma primeira gravidez pode terminar de forma brusca. Mas é inconsciente achar que falhei, o sentimento aparece de supetão. Às vezes acho que a frustração por esse episódio vai sempre me acompanhar e, até que tenha filhos nascidos de mim, serei cética sobre minha capacidade corporal de gestar outra vida.

Quando penso isso – e essa é a primeira vez que EXPRESSO isso –, já sei o que as pessoas vão dizer:

“calma, não é assim”.

E eu sei que não é. E, ao mesmo tempo, sei que não tenho como controlar os sentimentos. Não é que acredite nisso conscientemente, mas não consigo fugir da ideação de que, até que ocorra, nunca saberei o que virá. Isso pode ser bom, isso pode ser ruim. Só o tempo dirá.

É esse o resumo do meu pós-aborto.

Voltando ao momento em que o descobri, enquanto estava no hospital, esperando ser atendida, ouvi os gritos em uma sala próxima. Uma mulher dava à luz. De repente, os gritos cessaram e o choro ecoou pelo corredor do hospital em São João del Rei, provavelmente na mesma sala onde, quase 32 anos antes, eu mesma chorava pela primeira vez.

Minutos depois, ainda aguardando atendimento médico, vi um pacote chegando ao berçário. Não dava pra ver nada além disso: um pacote de pano. Disse pra minha mãe:

– Olha, a neném chegou!

Insisti na intuição de que era uma neném, uma menina. O pacote foi sendo desembrulhado pela enfermeira. Tinha as pernas roxas e estava cobertinho de sangue e muco. Parecia um alienígena. Saí da janela porque estava cansada – lembre-se, eu estava sangrando um bocado naquela situação – e sou míope, ou seja, não enxergo de longe, menos ainda um bebê recém-nascido a cinco, seis metros de distância.

Minha mãe ficou lá, na janelinha, enxergou e me contou: era menina.

Acho que uma das razões pelas quais eu estava tão tranquila quando o médico enfiou todos os dedos possíveis no meu útero, viu sangramento por aborto e sugeriu a curetagem (que não se fez necessária), era porque fiz as pazes com a vida, que me deu exatamente o que eu queria:

eu tive uma Liesel.

Só por seis semanas, mas ela existiu.

Ela chacoalhou o mundo quando apareceu no formato de dois palitos rosas, em um teste de farmácia feito em um banheiro de academia. Foi para ela que mostrei algumas músicas preferidas no carro, enquanto nos deslocávamos pela cidade, e foi com ela que conversei por algumas horas, depois do primeiro medo. Se você não quiser ficar, eu entendo, mas, se quiser, vamos nos divertir bastante.

Eu conheci minha filha, conversei com ela e a deixei ir.

Foi minha cunhada, Carol, que me pegou no hospital depois do diagnóstico e disse a melhor coisa que eu poderia ouvir naquele dia estranho: depois de um “bebê estrela” pode vir um “bebê arco-íris”, trazendo cor à vida dos pais que enfrentam a tempestade.

Hoje eu diria que tive uma “estrela Liesel”.

Daquelas que, se passarem no céu pela primeira vez, os astrofísicos chamarão de Liesel2412. Que inspira casais românticos, sonhadores ao redor do mundo e caçadores de poemas toda vez que chega a noite e essas pessoas incríveis ousam olhar para o céu.

Como diz a orelha do livro que me inspirou seu nome,

quando a morte conta uma história, é bom parar para ouvir”.

Liesel, amei nossa experiência.

Você me mostrou propósito, incentivou vontades, refletiu o que sou de verdade e o que espero que esse mundo vire. Por sua causa, sei que sou muito mais forte do que poderia supor ou, até, pedir para ser.

Eu não te vi, filha, mas te conheci. Hoje sei, e abraço com gratidão nosso tão breve encontro, que você é a luz a iluminar as palavras que eu não poderia encontrar sozinha.

Obrigada pelos 40 dias em que esteve por aqui e por me tornar digna de entender o que você foi, é e sempre será na nossa história. Nunca vou me esquecer do que você me fez sentir.

37 Comentários
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    Larissa Veloso at 1 de março de 2019 Responder

    Poxa, Lais, eu sinto muito que você tenha passado por isso.

    Não posso dizer que entendo, por que nunca passei por essa situação, mas posso dizer que, infelizmente, conheço mais casos do que eu gostaria de mulheres que perderam uma gestação. Isso aconteceu com amigas, colegas, conhecidas, mulheres jovens, mais velhas, primeira gravidez, depois de já ter filhos, no Brasil no Canadá, não discrimina ninguem.

    E muitas delas carregam a sensação de culpa. As histórias tiveram fins variados, mas na maioria das vezes um final feliz (até com direito a gêmeos).

    Foi bonita e emocianante a forma como você colocou a sua história, como você honrou a historia da Liesel, por mais curta que seja.

    Fique bem.

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      Lais Menini at 1 de março de 2019 Responder

      Lalá, muito obrigada pelas palavras e a sensibilidade!
      Minha intenção com o texto é mostrar, justamente, que esse tipo de coisa ocorre com mais frequência do que a gente pensa, e que a mulherada não precisa passar por isso só.

      Os sentimentos horríveis que a gente tem logo que ocorrem só me deixaram ainda mais consciente do poder e necessidade do feminismo, e mais forte para encarar de frente quem quer colocar a gente pelas beiradas.

      Espero que muita gente que precise dessa ajuda possa chegar até mim, estou de braços abertos para conversar com as irmãs que passam pela mesma dor.

      Um beijão!

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    Laís Salatiel at 8 de março de 2019 Responder

    Ah Xará! Tô aqui emocionada e admirada do tanto que você é maravilhosa. Liesel certamente amou te conhecer e tem orgulho da mãe que você é. ❤

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      Obrigada, xará!
      Espero estar sempre à altura desse merecimento.

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    eliane at 8 de março de 2019 Responder

    sinto muito a sua dor. você teve está experiência super doida. mas o cosmos (DEUS) conspira a seu favor. Beijos

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      se não conspira, pelo menos inspira! obrigada, mãe! te amo! <3

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    Camila Esteves at 8 de março de 2019 Responder

    Oi Lais (e Danilo),

    Sinto muito que tenham passado por essa experiência. Nunca passei por isso mas não deve ser nada fácil. Seu texto é muito bonito, uma linda declaração de amor à Liesel e à vida!
    Um beijo no coração ❤️

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      Obrigada, Camila!
      Tenho pra mim que precisamos amar a vida até nos momentos de dor, pois ela é muito preciosa – e passa depressa demais – pra gente ficar amargando o que não deu certo.

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    Paula Völker at 8 de março de 2019 Responder

    Primeiro, que texto mais lindo. Imagino o tanto que tenha sido doído escrevê-lo.
    Não posso dizer que entendo o que você (vocês, na verdade, né?) passou, mas senti um pouco da sua dor ao ler o texto.
    Sei que a Liesel vai estar sempre com vocês, que vai ser uma estrelinha brilhante e cheia de esperança e amor na vida à dois. E sei mais ainda que, quando for a hora certa, esse bebê arco-íris vai chegar cheio de saúde e felicidade para colorir ainda mais a vida de vocês.
    <3

    Beijos!

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      Obrigada, Paulinha!
      Imagina quando o bebê arco-íris tiver 20 e poucos e resolver mochilar na Europa? 😉

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    Lari Reis at 8 de março de 2019 Responder

    Agradeço por você ter compartilhado sua experiência, Lila.

    Não faz muito tempo, soube da história de uma ‘influencer’ que teve problemas durante a primeira gravidez e precisou abortar. Ela tratou do assunto de uma forma mais positiva e que me fez pensar que falar a respeito dessa situação ajudaria outras mulheres a encará-la com uma sensação de culpa menor.

    Ela disse sobre como não quis esperar as 12 semanas para contar para as pessoas que estava grávida e que depois não quis esconder que o aborto aconteceu. Ela queria que as pessoas entendessem que isso é natural para que a mudança na forma de encarar até a possibilidade da interrupção da gravidez ajude a tornar a situação menos dolorosa para todas (e todos) que a enfrentam.

    Enfim, fico feliz que você tenha se aberto também porque isso nos ajuda!

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      Lari, eu acompanhei esse caso! Não sei se vi antes de descobrir a gravidez ou se depois, mas lembro de ter achado a moça (era uma cantora, né?) muito corajosa.

      E acho que precisamos desmistificar urgentemente essa coisa de “não contar antes dos três meses”. Se “é vida desde a concepção”, por que a mãe tem que esperar três meses pra contar pros outros? Isso não faz sentido.

      As pessoas tem que organizar isso aí. ;p

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    Nathalia Assunção at 8 de março de 2019 Responder

    Que texto lindo, nao somente pelo conteúdo, mas pela forma como vc escreve e as referências contidas nele <3 <3 <3

    Eu sinto muito pela sua eterna vontade e dúvida de saber como teria sido se a Liesel tivesse chegado a sair do aconchego da sua barriga, mas, acredite, depois da Aurora e tudo que eu passei durante a gravidez e o pós gravidez tenho certeza de que as coisas acontecem com um motivo.

    A Aurora e os momentos difíceis me prepararam para o que vinha pela frente. Mesmo que por muitos momentos eu me sentisse completamente perdida e nao fazia ideia do que iria fazer ou de como nathalia + maternidade equacionaria em um resultado positivo.

    Mas sou grata por todo desespero e dificuldades, e corações partidos e frustrações que eu ja passei. Tudo me preparou para ser e gostar de ser quem eu sou. Continuo amando as coisas que eu amei com muito afinco e que as perdi, ate a forma como as perdi eu passei a amar.

    Amei ver como as certezas que eu construi ao longo da vida do que eu queria para mim foram desmoronando pouco à pouco, amei o desesspero e a dor disso.

    Mas amei ainda mais usar todas as peças desse cenário que pintei do meu futuro quando ainda era mais nova e que fora desmoronada, para construir algo que eu nunca tinha imaginado.

    E nessa nova imagem tem sim uns tijolos quebrados, umas tintas desbotadas feias, mas tem também alguns moveis que ficaram lindoos depois do tempo e da "demoliçao", peças que eu achava que ja estavam prontas, mas que depois de um bom tempo as aprimorando, seja por iniciativa minha ou por tempestades e ventanias que caíram no meu cenário, elas ficaram INCRÍVEIS.

    Ah tem também os puxadinhos nessa construção, todo dia descubro que precisa ter alguma coisa a mais ou diferente, e todo dia eu derrubo algum puxadinho também. Seja por conta de um sonho que acabou ou de alguma decepção. Mas ta tudo bem, desde que a gente continue reciclando essas peças para construir coisas novas, muitas vezes que a gente nem sabia que eram possíveis.

    Quero te falar tantas coisas, mas uma delas é uma das falas da Aurora que eu amo e que a carrego comigo em todos os sentidos da vida: " Mamãe eu derramei agua no chao e sujou muito, mas ta tudo bem, ta?"

    Lala, isso aconteceu, mas ta tudo bem ta? Você pode seguir amando a sua Liesel, porque esta tudo bem ta? E você tem que amar esse episodio e esses momentos dolorosos, porque isso também faz parte da sua jornada e ESTA TUDO BEM,TA?

    Beijos linda!

    Sinto muito amor por vc!

    Fiquem bem <3

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      Nath, muito obrigada pelas suas palavras! Sei dos perrengues que você passou e como sobreviveu a eles, e como transformou cada um em aprendizado e na chance de um mundo melhor pra Aurora.

      Agradeço, de coração, que você tenha me lido e me confortado! Também sinto muito amor por você! <3

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    Iara at 8 de março de 2019 Responder

    Lila, muito triste com sua perda, mas lembre-se que as grandes escritoras são forjadas por suas perdas e dores…e se vc foi capaz de criar a Liesel, ela também foi capaz de fazer vc parir esse texto, terno e lindo…Bjs

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      A escritora pega a dor e transforma em inspiração. Ou piração. De qualquer forma, alguma coisa sempre sai.

      Obrigada, tia Iara! <3

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    Julis at 8 de março de 2019 Responder

    Lalá…que turbilhão de sentimentos vocês viveram, hein?

    Não posso nem imaginar o que você passou, como se sentiu e como isso te afetou. Me arrisco a dizer que, no mínimo, te fez crescer e descobrir coisas sobre você mesma. Liesel é um nome bonito, forte, poderoso, gostei dessa pessoinha e de que como ela trouxe luz e alegria pra vocês.
    Não sei se me cabe, mas estou aqui pra acolher você e a quem precisar falar. Um café, um abraço apertado, um ouvido amigo sempre tem.
    Estou emocionada com seu relato e queria muito nesse minuto abraçar você e Danilo, uns queridos.
    Fique bem, deixe o fluxo da vida fluir e o Universo se encarrega do resto. Minha mãe costuma dizer na forma católica dela ver a vida que “Deus nunca nos dá nada fora do tempo e nada de que não conseguimos dar conta”.
    Um beijo grande.

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      “Deixe o universo da vida fluir”.
      Isso é, basicamente, como um dos meus trechos preferidos do Guia do Mochileiro das Galáxias:

      “Sabe, é em momentos como este que a gente se pergunta se vale a pena se preocupar com a tessitura do espaço-tempo e a integridade causal da matriz de probabilidade multidimensional e o potencial colapso de todas as formas de onda na Mistureba Generalizada de Todas as Coisas e essas outras histórias que vêm me perturbando. Talvez eu sinta que o grandalhão tem razão. A gente tem mais é que deixar fluir. Se estressar pra que? Deixa fluir”.

      O resumo é: Douglas Adams, você e sua mãe estão cobertos de razão.
      Muito obrigada, por tudo! <3

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    Nini at 8 de março de 2019 Responder

    Laís te adoro. Lamento o que você passou. Mas você é uma pessoa forte e sei que já superou sua dor em pequenas doses. E Deus ainda vai te dar grandes alegrias. Um abraço

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    Paty at 8 de março de 2019 Responder

    Chorando horrores aqui com esse texto enquanto a gente conversa sobre resenhas. A vida segue… Mas achei simplesmente linda a forma como você lidou com isso e escreveu esse texto. Liesel… eu gosto desse nome. Não esperaria menos criatividade de ti. Um abração bem forte… confia que tua hora vai chegar, e vai ser como você sempre quis ♡.

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      Lais Menini at 8 de março de 2019 Responder

      Como diz Douglas Adams (ando citando muito Douglas, ultimamente), “é muito importante ter coisas pelas quais esperar ansiosamente”.

      Obrigada, Paty! <3

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    Ana Carmen at 8 de março de 2019 Responder

    Que texto lindo Laís!
    Fiquei super emocionada em ler, assim como fiquei no dia em que soube da notícia do aborto…
    Entendo que realmente tenha sido muito difícil, triste, pesado… Mas a gente está aqui do seu lado e do Danilo, de mãos dadas… Aceitando que a Liesel tenha virado uma estrelinha, e aguardando o bebê arco-íris!!
    Que você sempre se lembre que foi digna sim, e que não existe culpados, e saiba que foi lindo ler você agradecendo pelo pouco que ela ficou!
    Aproveito para agradecer, receber a notícia que teria mais um bebê na família foi linda e emocionante, e o tempo que permaneceu por aqui foi suficiente para encher nossos corações de alegria!
    Fique bem, sempre bem!!
    Bjos!!

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      Lais Menini at 10 de março de 2019 Responder

      Obrigada, Ana, por tudo, incluindo essas palavras tão lindas e sua emoção sempre à flor da pele – e que pele! ;p -, mas, principalmente, por sempre manter os braços abertos! <3

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    Joanna Darc at 8 de março de 2019 Responder

    Laís, parabéns pelo belíssimo texto! Consegui perceber, através do seu relato, que nasceu com essa experiência uma parte da Laís mãe. Na minha vida não vivenciei algo parecido, mas posso te falar que a experiência materna é recheada de sensações de impotência, de reflexões sobre o que estamos fazendo de errado e de experiências intensas. Apesar de dolorida, essa é uma experiência que te fez mãe por 40 dias. Que venha Liesel ou outro serumaninho para fazer você mergulhar nessa aventura materna!

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      Lais Menini at 10 de março de 2019 Responder

      Joanna, penso que nasci alguém diferente, mesmo! E acho que estou mais preparada, agora, para ser mãe de filhos vivos. Que venham as novas aventuras!

      Muito obrigada pelas palavras de apoio! Um beijo!

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    Stella Girardin at 9 de março de 2019 Responder

    Laís, minha amiga ainda virtual, mas cada vez mais próxima, falei de você hoje para uma grande amiga que também dá muito valor às letras e às palavras e findo meu dia com esta leitura mais que emocionante.

    Quando engravidei de meus gêmeos, aos 40, não contei para ninguém. E o que motivou o meu silêncio não foi a possibilidade não muito pequena de um aborto espontâneo, mas sim o fato de ter que encarar as outras pessoas se condoendo pela minha perda. Nunca me imaginei indigna de ser mãe, aliás, sem modéstia alguma, resolvi finalmente assumir a possibilidade da maternidade porque eu imaginava que seria uma boa mãe. Mas engravidar aos 40 não é fácil, as probabilidades caem para menos de 3%. E as possibilidades de se completar a gravidez são menores ainda. Depois de meses de tratamentos hormonais e desgastes no relacionamento, engravidei.
    Não sei se é porque sou profissional de saúde que pensei mais racionalmente no assunto, mas meu maior receio, como você, também era a reação das outras pessoas. Nunca pensei em mim, em como seria, para mim, perder os meus meninos.
    Não os perdi, tive uma gravidez super saudável fisicamente (o lado emocional seria um outro assunto para uma longa conversa!), mas nem sei se todo meu conhecimento científico e minha personalidade racional me protegeriam da mais extrema tristeza caso os perdesse.

    Só sei de uma coisa: se sua Liesel passou tão rapidamente por este mundo, que bom que foi na sua companhia!

    Beijo

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      Lais Menini at 10 de março de 2019 Responder

      Stella, você fala das minhas palavras, mas as suas são inalcançáveis!
      Muito obrigada pela troca, ainda que virtual, de tão boas energias, e de todas as verdades.

      Tenho muito a aprender com você e aprecio cada oportunidade de estar próxima do que você diz, pensa e sente. Obrigada por essa oportunidade.

      Grande beijo!

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    Vanessa Mouffron at 9 de março de 2019 Responder

    Foi difícil conseguir ler até o final! Difícil porque me emocionei ao pensar na minha mãe, que quando perdeu seu primeiro bebê ouviu de uma pessoa da família do meu pai que “a semente era boa mas a terra não era fértil”. Me emocionei por lembrar do meu irmão e da minha cunhada, que também passaram por isso e, talvez, tenha sido o mais próximo do que eu vivenciei da sua dor (e senti muito). Me emocionei por lembrar de uma tia muito querida que passou por isso algumas vezes e que hoje tem filhos lindos! Me emocionei por mim, num choro “egoísta” de alívio por ter tido uma primeira gravidez tranquila. Mas chorei também o medo de alguém que está no início da segunda gravidez e sabe que todas nós estamos sujeitas a isso. Fiquem bem e não desistam! ♡

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      Lais Menini at 10 de março de 2019 Responder

      Vanessa, não é um choro egoísta! Encaro com as lágrimas de uma mãe para a outra, e não vejo egoísmo nenhum nisso. Muito pelo contrário: sua experiência me mostra que tudo termina bem! E se a pessoa na segunda gravidez da qual você fala é você, sinta-se feliz, que, mais uma vez, tudo dará certo! Estamos juntas na luta!

      Grande beijo!

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    Marina at 9 de março de 2019 Responder

    Oi Laís, Janaína me enviou o link para seu texto e escrevo para te agradecer a partilha. Incrível como suas palavras reverberaram em mim.
    Sou mãe de três. Na primeira gestação, o aborto aconteceu com nove semanas. Indigna. Foi exatamente assim que me senti.
    Três meses depois outra gravidez. Benjamin ficou conosco por 25 semanas e 1 dia. Foi um parto lindo e pude conhecer, carregar, beijar, cheirar e cantar pro meu menino que nasceu morto. Pra mim, no entanto, ele é vida pulsando. Benjamin me curou. Meu feminino ferido, machucado se transformou numa potência selvagem. Fui correr “com os lobos”.
    Há três meses nasceu Caetano! Bebê arco íris daqueles muito brilhantes, que enchem o corpo de amor.

    Abraço carinhoso

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      Lais Menini at 10 de março de 2019 Responder

      Marina, obrigada a VOCÊ por partilhar comigo a delicadeza da sua dor. Nem consigo imaginar como você se sentiu com Benjamin, mas sei que Benjamin está e sempre estará no seu coração de mãe, assim como a primeira gestação e todas as próximas, se vierem.

      Caetano nasce em um seio maravilhoso, posso dizer, pelas poucas palavras que ouvi da mãe que tem. É de meninos como ele que estamos precisando. 😉

      Sigamos juntas! Um beijo!

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    Andréa Aroeira at 11 de março de 2019 Responder

    Lais, eu já senti esta dor e frustração pela qual vc tão recentemente passou. Sei bem o que descreveu. Me senti culpada por ter perdido o meu bebê porque não havia planejado a gestação. Mas não é tão simples assim. A natureza é muito sábia e pensar que o meu bebê havia ficado comigo o tempo em que ele pode ficar me deu conforto também. Saiba que a Liesel nunca sairá da sua vida. Não importa quantos filhos vcs venham a gerar, ela será sempre a sua filha. Espero e rezo para que vcs tenham a imensa alegria de carregar um filho nos braços. Dê tempo ao tempo. Obrigada pelo que li . Amo vcs.

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      Lais Menini at 16 de março de 2019 Responder

      Obrigada pelas palavras, Dedeia! Certamente isso ainda irá acontecer. <3

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