#7: 16/12/2017

Faltando exatamente seis meses para o casório, decretei: o próximo doce que comerei será meu bolo de casamento.

Com esse pensamento me sentei na praça para aguardar uma amiga e pensar sobre a vida, quando chega uma mulher, de mais ou menos 50 anos, me oferecendo palha italiana. Minha primeira reação foi agradecer e dizer que não. Ela, com um sorriso sofrido, me perguntou: “e brownie?”.

Como queria brownie para o bem casado, perguntei se ela fazia em larga escala, para casamento, e ela disse que conseguia, mas que eu teria que pedir com antecedência porque ela era sozinha e precisava se programar.

Comprei um para provar e disse que, já que na etiqueta tinha o telefone dela, eu mandaria um Whatsapp.

Ela contou que era melhor eu ligar, porque ela teve que abrir mão do smartphone por estar desempregada.

Contou que largou a contabilidade para fazer o que ama, pedagogia, mas que estava complicado. Esperando ser chamada em um dos três concursos para os quais passou, eram os doces que pagavam as contas. Contou da escala de produção e consegui notar que seus dedinhos já pareciam bem cansados, mas os olhos verdes estavam cheios de esperança.

– Como você se chama?

– Mariana.

– Tudo bem, vou te ligar.

Ela me deu uma palha italiana de brinde, para provar, pois já estava até imaginando como elas ficariam na mesa de doces.

E eu, olhando para ela, reconhecendo seu sofrimento e entendendo como é importante imaginar o futuro e esperar que as coisas melhorem. É isso, afinal, que nos move.

Ao se despedir, ela me disse:

– Até mais e obrigada, Laís. Espero que você tenha um casamento feliz.

Obrigada, Mariana.

Tenho certeza de que seus doces são ótimos, mas foram suas palavras que adoçaram meu primeiro dia dos próximos seis meses.

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