Skoob e descobertas literárias

Por Gabrielle Almeida

Sabe aquela sensação que nos acomete quando terminamos um livro super empolgados e não temos com quem conversar sobre as reviravoltas e/ou sobre o final bombástico (ou decepcionante) daquela história que nos acompanhou por alguns dias ou semanas? No Skoob essa sensação não existe.

Para aqueles que não conhecem, este site (que também conta com um aplicativo para Android e iOs) é uma rede social para leitores interagirem entre si enquanto registram e organizam suas leituras passadas, presentes e futuras. Além disso, podemos facilmente descobrir novos autores e livros, aumentando bastante o número de exemplares na aba “Quero ler” do nosso perfil. 

Confira a seguir todas as funcionalidades do Skoob:

O que fazer no Skoob quando se é um… skoober 😉

De acordo com o próprio site, após registrar um perfil a partir de seu e-mail, é preciso incluir livros na sua estante para que haja assunto para interagir com os demais skoobers.

Na sua estante pública você pode colocar livros que leu, que está lendo, que quer ler, que largou no meio do caminho e por aí vai. Todas as leituras podem ser avaliadas de 1 a 5 estrelas e o Skoob ainda dá um espaço para que os leitores resenhem cada uma das obras.

No fim das contas, quando clica em um livro que te interessa, você não vê só sua nota e resenha, mas quantas leituras dele foram registradas na plataforma, quantas desistências ele causou e até quantas vezes ele foi relido – informações que podem impactar diretamente na sua decisão de ler ou não determinado título.

Como se não bastasse tudo isso, podemos ainda participar de sorteios de livros enviados diretamente pelas editoras e entregues gratuitamente nas nossas casas. Já tive a sorte de ganhar um e sempre aguardo ansiosamente ser sorteada novamente. Afinal, livros nunca são demais, não é mesmo?

Primeira dica de leitura no Skoob: Hibisco Roxo

Pensando nessa máxima, em 2021 consegui retomar e manter meu hábito de leitura, que estava perdido há um bom tempo. Foram 59 livros lidos e, com o auxílio do Skoob e dos meus “amigos de leitura”, conheci a maravilhosa Chimamanda Ngozi Adichie, escritora nigeriana feminista que é, atualmente, uma das maiores vozes da literatura africana. Seus livros já foram traduzidos para mais de 30 idiomas, receberam vários prêmios importantes e abordam os diversos aspectos da cultura nigeriana, além de tratar sobre temas como preconceito, violência doméstica, religiosidade, imigração e relações familiares. 

Apesar de achar uma missão impossível não indicar todos os livros dessa autora, seu livro de estreia, Hibisco Roxo, lançado em 2003, figura entre os meus favoritos. Nele, acompanhamos a vida de uma família rica e muito religiosa, que vive sob o domínio autoritário do patriarca, Eugene. Ele é um importante empresário da Nigéria, extremamente religioso e obcecado pela cultura branca europeia, e que rejeita e odeia suas origens “pagãs” e também a cultura negra. Sua personalidade controladora e sua religiosidade extremista afetam fortemente a vida de seus dois filhos (a adolescente Kambili, que é a narradora, e seu irmão, Jaja) e de sua esposa.

Em meio à toda repressão, violência e superproteção do pai, Kambili faz diversas descobertas sobre a vida ao precisar se mudar para a casa de sua tia Ifeoma, uma professora universitária que tem dois filhos e mora em uma cidade próxima. Lá, a adolescente passa a ter contato com seu avô paterno (um contador de histórias que se recusa a deixar de lado a crença tradicional nigeriana e, por isso, vive rejeitado por Eugene), e aprende que é possível viver de outras formas, além da que foi imposta por seu pai.

Durante todo o livro, vemos o caráter da protagonista se formando, bem como a sua visão de mundo, enquanto acompanhamos uma analogia entre esses elementos e as flores que crescem em sua casa, sendo, uma delas, o hibisco roxo, espécie rara que dá nome à história e que aponta mudanças radicais na vida da protagonista.

Recomendo demais!

Escritora brasileira? Também tem!

Uma outra autora descoberta por mim no Skoob foi a brasileira, historiadora e professora universitária Nikelen Witter. Uma das principais representantes do steampunk do país, seu livro, Viajantes do Abismo, também se tornou um dos meus favoritos da vida.

Trata-se de uma ficção distópica que narra a jornada de Elissa Faina Till, curandeira forte e determinada que, após a morte de seu pai, tenta acabar com a guerra civil que assola seu país e, ao mesmo tempo, salvar o planeta de ser devorado por uma areia misteriosa que vem engolindo as florestas e cidades, transformando tudo em desertos inóspitos. Para isso, ela conta com a ajuda de uma amiga que dirige um bordéu, de um tigre e de alguns outros personagens que aparecem ao longo da história. Parece louco, mas tudo se justifica e é devidamente explicado ao longo do livro. 😉

Aliás, que livro!

Junto à Elissa, que é daquelas protagonistas que não se deixam abater pelas dificuldades, mesmo que tudo pareça estar contra ela, temos ainda reflexões sobre amor e o sentido da vida e da morte, além da importância de se usar a ciência e a tecnologia para o bem e o papel do ser humano na preservação do planeta. É uma história diferente de tudo o que já li e que possui um universo único, muito bem construído pela autora.

Ao terminar a leitura, mesmo com o final fechado e com direito à uma “cena pós-créditos”, ainda fiquei com a sensação de querer mergulhar novamente no abismo junto com a Elissa e ter mais um pouco desse mundo. Sendo assim, não posso deixar de afirmar que é mais um livro recomendadíssimo!

Fui à China com Skoob

Por fim, não posso deixar de mencionar o livro escrito pela jornalista chinesa Xinran. A autora foi obrigada a se mudar para a Inglaterra com o objetivo de conseguir liberdade parar publicar As Boas Mulheres da China, uma compilação de relatos verdadeiros e marcantes de mulheres com quem a autora teve contato durante os anos que apresentou um programa de rádio em Nanquim, entre 1989 e 1997, chamado de “Palavras na Brisa Noturna”.

No programa, Xinran discutia aspectos do cotidiano e aconselhava seus ouvintes. Com o enorme sucesso, a jornalista passou a receber diversas cartas de mulheres que contavam dramas de suas vidas pessoais. As histórias relatadas em As Boas Mulheres da China são pesadas, chocantes e envolvem estupros, abusos, machismo, separação de famílias, casamento arranjado político, opressão e muitos outros assuntos que assombram a realidade das mulheres.

Mesmo assim, é um livro extremamente necessário, pois nos faz pensar sobre a questão de ter ou não ter fé na humanidade. Além disso, precisamos mostrar essas histórias e realidades escondidas, para que possamos tomar atitudes que melhorem a vida das mulheres. Não só na China, mas em todas as partes do mundo, é necessário mostrar o que acontece para tentarmos evoluir como sociedade.

Em muitos relatos, os abusos foram praticados por homens que se justificavam através do “Partido”, ou por conta da “iminente ameaça capitalista”, contexto da época da Revolução Cultural do presidente socialista Mao Tse Tung. É um livro que fica no pensamento por bastante tempo. Não aconselho a lê-lo antes de dormir, porém, recomendo fortemente a sua leitura! Na avaliação que fiz dele no Skoob, achei ultrajante dar “apenas” 5 estrelas, que é a classificação máxima possível por lá.

Dica bônus para quem me seguir no Skoob!

Como não é possível falar em um só post de todas as minhas 59 leituras de 2021, deixo esse top 3 (mas com todos os livros empatados em primeiríssimo lugar rsrs) como sugestão de leitura para este ano de 2022. Caso alguém queira saber mais sobre o que ando lendo ou quiser conversar sobre outros livros, basta me adicionar no Skoob.

E um bônus: para aqueles que curtem um mistério, uma investigação policial e bastante suspense, recomendo também o livro A Vida Secreta dos Escritores, do romancista francês Guillaume Musso.

Só para se ter uma ideia, terminei o livro pesquisando o nome do protagonista no Google, além do nome da ilha em que se passa a história. Eu não me conformo que não seja real. A história é extremamente realista e bem construída para ser só ficção!

Nesta obra, temos o escritor aclamado Nathan Fawles, que resolve abandonar totalmente sua carreira de escritor (que estava no ápice) e se refugiar em uma ilha restrita e isolada de tudo, chamada de ilha de Beaumont. Ele se retira da vida pública e se recusa a dar qualquer entrevista e a escrever qualquer coisa, até lista de supermercado.

Décadas depois, Raphael, aspirante a escritor e enorme fã de Fawles, consegue um emprego nessa ilha e parte em rumo da tentativa de se aproximar do ex-escritor recluso. Ele deseja descobrir porque Fawles encerrou sua carreira tão abruptamente. Paralelo a isso, um corpo é encontrado na ilha, que sempre foi muito tranquila e segura. Este acontecimento desperta uma série de investigações, inclusive por parte de Raphael.

A partir daí, descobrimos um emaranhado de crimes e ficamos sem saber quem está falando a verdade. A segunda metade do livro é eletrizante: reviravoltas seguidas de reviravoltas! Aconteceram coisas que eu nem sequer desconfiava (e olha que estou acostumada com livros com finais inesperados, hein – leitora assídua da Agatha Christie aqui \o/). Vale a pena embarcar nessa aventura e descobrir os mistérios e segredos que a ilha de Beaumont e seus habitantes encobrem.

Então é isso! Até a próxima! 😉

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